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Modified 30-Jun-24
Created 30-Jun-24

“abstrato na arquitetura, uma construção da obra”
maio2024

Abstrato: Que designa uma qualidade separada do sujeito.
https://dicionario.priberam.org/abstracto

A arte abstrata ou abstracionismo é geralmente entendido como uma forma de arte (especialmente nas artes visuais) que não representa objetos próprios da nossa
realidade concreta exterior. Ao invés disso, usa as relações formais entre cores,linhas e superfícies para compor a realidade da obra, de uma maneira “não representacional”.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_abstrata



A fotografia abstrata versa a captura de imagens que não possuem uma relação imediata com o mundo físico. Fotografias abstratas são, acima de tudo, imagens que desafiam a percepção do observador: umas pela curiosidade que despertam, outras pela emoção que provocam, outras pelo conceito que as sustenta.

Nessa linha de pensamento apresenta-se “abstrato na arquitetura, uma construção da obra”, uma narrativa visual composta por imagens ou fragmentos do mundo real. A Arquitetura ganha todo o seu corpo através da amplificação de um tema reconhecível - estruturas sólidas. Este mundo real, agora visto de forma ampliada do seu pormenor, tanto com o uso cuidado da luz natural quanto da sua sombra, das suas linhas, da sua cor (?), da sua textura, dos seus detalhes, é revestido de uma força única e abstrata.

Tendo um gosto particular pela desconstrução de lugares e, mais em particular, das construções, este processo desenvolveu-se através da exploração cuidada de formas, texturas, sombras, padrões, entre muitos outros elementos do real.

A mensagem que este enredo de imagens pretende transmitir relaciona-se, num primeiro momento, com o inesperado e o irreconhecível e, num segundo momento, com a subtileza do belo que pode ser encontrado no simples. Assim, é intenção mostrar o simples entre o complexo; o aguçar da curiosidade; o desafio da percepção… a emoção. Para tal , e como é de fotografia que estamos a falar, recorremos a ferramentas que estão à disposição do fotografo, como a exploração da perspectiva, do ângulo, do enquadramento, da luz, juntamente com a desconstrução da textura, do detalhe, da forma. Neste processo, o foco que nos move é conseguir a transformação do mundo que vemos numa imagem menos reconhecível, numa imagem abstrata de composições inesperadas e únicas que nos desafiem à sua leitura.

Procuramos a simplicidade! Mesmo em composições que, ao primeiro olhar, pareçam confusas ou complexas, com a força da “abstração”, a imagem torna-se muito clara. Percorremos a composição, procurando o seu melhor posicionamento e equilíbrio, quer de formas, de texturas, ou linhas, para que a fotografia tenha harmonia e mantenha o seu significado. Jogamos com os planos de focagem, levando a leitor para determinada área da composição.
Escolhemos, de forma cirurgica, o ângulo de visão, de forma a que o ponto de vista permita criar o ritmo e o dinamismo pretendido e, ao mesmo tempo, acrescente dramatismo à composição.
Tendo em conta o tema que está a ser fotografado, a geometria é um dos elementos preponderante e as formas ganham uma grande acentuação na estética global.
A luz, como sempre, é determinante. Fomos pelas melhores sombras, pelas silhuetas e pela melhor luz de fundo, com cuidada captação, com o intuito de conseguir a criação das melhores dimensões na imagem.
Mistério! Nestas fotografias, queremos respostas emocionais. Estímulos. Procuramos dúvidas, de forma a que o leitor possa apreciar e envolver-se no processo de decifrar o seu significado.

Estas são as premissas que levam a apresentar “abstrato na arquitetura, uma construção da obra”, uma narrativa que parte da observação da estrutura de variados elementos arquitectónicos e que isola partes dessa construção. Pretende dar-se ênfase ao pormenor esquecendo o todo.
Aqui, chamam-se para o enquadramento os pequenos elos das mais variadas estruturas menos nobres da construção para que estas ganhem vida aos olhos do leitor.
Registam-se pequenas arestas arquitectónicas, quase que em modo macro, para revelar a subtileza existente na agrura.
Neste enredo, o autor tomou uma decisão arriscada: não usar a cor natural dos elementos capturados, deixando, dessa forma, cair o cromatismo como elemento construtivo de contrastes. Com esta decisão, houve uma perda no cromatismo, perda essa que pretende dar força e vitalidade aos restantes elementos. Pretende-se enriquecer a leitura dos restantes elementos para os quais o autor pretende efetivamente reclamar, como que usando uma lente para focar a atenção e leitura do observador. A cor acaba por ser o elemento escravo da unificação do corpo do trabalho.
Nesse processo de escravização da cor, a escolha pelos tons roxo teve em conta, num primeiro momento, o subconsciente que se associa à tonalidade e, num segundo momento, o impacto que a mesma tem sobre o autor…. Magia e criatividade. Por outro lado, são tons que dividem opiniões, o que, só por si, acrescenta arrojo à desconstrução que se pretende por parte do autor. Tons associados à ambiguidade, ao mistério, que ganham um forte apelo enigmático quando representado no tema retratado, tentando aqui uma associação à sedução e ao simbolismo.

Com esta série de fotografias, procura demonstrar-se a beleza que podemos encontrar quando focamos a nossa atenção no pormenor. Quando deixamos de olhar o todo e vemos a parte.